Política de privatização de Temer é responsável pela sobrecarga dos eletricitários, que não estão dando conta de fazer manutenção em toda a rede do Sistema Elétrico.

Os trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Eletrobras, em especial os técnicos de manutenção de alta tensão e operadores de Usinas e Subestações, estão submetidos a uma rotina diária exaustiva de trabalho para dar conta de todo o trabalho de manutenção no sistema. As consequências disso são os sérios riscos de morte, uma vez que o setor elétrico é uma das atividades profissionais mais perigosas do mundo.

As manutenções no sistema são fundamentais para evitar apagões. Mas com a política de sucateamento da Eletrobras e seguidos programas de demissão, o número de profissionais vem caindo ano a ano.

Em 2001, Furnas (uma das empresas da Eletrobras) tinha 14 eletricitários e dois supervisores para realizar manutenção em 1.000 quilômetros de linhas de transmissão.

Hoje, Furnas, que é responsável por fornecer 63% da energia nos lares no Brasil, tem 1.300 quilômetros de linhas de transmissão. O trabalho aumentou e o número de profissionais reduziu drasticamente, passando para apenas dois técnicos e um supervisor.

As atividades essenciais de operação e manutenção das redes estão sendo feitas de maneira precária, sem recursos técnicos e mão de obra suficiente, colocando em risco a operação do sistema elétrico e a segurança dos trabalhadores.

A denúncia é dos eletricitários, que responsabilizam a política de privatização de Temer e a atual gestão da Eletrobras, comandada por Wilson Pinto, pela precarização das condições de trabalho e pelo sucateamento da estatal, que tem reduzido o quadro de funcionários e descumprido normas de segurança e regulamentação do Sistema Elétrico brasileiro.

Segundo um dos técnicos de manutenção das linhas de transmissão do Sistema Eletrobras, que preferiu não se identificar, esse trabalho específico, que exige uma série de formações, inclusive de resgate e primeiros socorros, era feito por pelo menos cinco trabalhadores a cada saída a campo.

“Hoje, há somente três pessoas para fazer o mesmo serviço. Então são sempre os mesmos que saem juntos, porque para fazer esse trabalho não se pode sair a campo sozinho”, conta.

O técnico é enfático ao afirmar que não será possível dar conta de realizar toda a manutenção e que o Sistema corre o risco de apresentar graves problemas. “Se continuar assim, daqui a pouco vai ter um novo apagão no país”, diz.

Apagão

As consequências dessa política foram sentidas em março deste ano, quando o Brasil viveu o maior apagão da história, após uma falha na Subestação Xingu, no Pará, interromper a distribuição da energia em 14 estados brasileiros.

E agora, quase três meses depois, os trabalhadores das linhas de transmissão, que fazem reparos em falhas no sistema e caminham em um cabo suspenso por vários quilômetros para garantir a chegada de energia nas casas de milhões de brasileiros, denunciam que estão sobrecarregados e não estão dando conta de garantir a manutenção de toda a rede.

Fonte: CUT Brasil (com alterações)