“Só foi possível fazer um programa público da magnitude do Luz para Todos porque todos nós, enquanto povo brasileiro, contávamos com um sistema Eletrobras público”, afirmou em nota a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Nesta sexta-feira, a entidade convocou sindicatos filiados em todo o país a reforçar a greve programada pelos trabalhadores do grupo Eletrobras para se iniciar na próxima segunda-feira (11).

Ao lado dos trabalhadores da Educação, reforçam o movimento dos eletricitários as centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Teto (MST).

A greve de 72 horas denuncia a ofensiva do governo de Michel Temer pela privatização da Eletrobras. A expectativa é que cruzem os braços aproximadamente 24 mil trabalhadores do grupo Eletrobras das áreas administrativas e atividades fins, como operação e manutenção de todas as empresas de geração, transmissão e distribuição de energia: Furnas, Chesf, Eletrosul, Eletronorte, Eletrobras e o Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel), além das distribuidoras do estados do Piauí, Rondônia, Roraima, Acre e Amazonas.

Segundo Wellington Araújo Diniz, diretor jurídico do Sindicato dos Urbanitários do Maranhão (STIU-MA) e coordenador do Coletivo Nacional dos Eletricitáris, não haverá prejuízo aos usuários do sistema. “Nossa greve é contra o processo de privatização da Eletrobras, que é uma tentativa de desmonte das empresas do sistema elétrico nacional. A empresa está sendo posta à venda por um preço vil para satisfazer interesses de grandes grupos financeiros nacionais e internacionais e de países como a China, Itália e França, que têm interesse em se apropriar do patrimônio estratégico que representam as empresas do sistema Eletrobras”, diz o dirigente.

Soberania energética sob ataque

Segundo a CNTE está em jogo a soberania energética brasileira: “O sistema Eletrobras é composto por empresas de distribuição, geração e transmissão de energia e está no foco dos golpistas que querem, de qualquer maneira, entregar todo esse patrimônio, e junto com ele nossa soberania energética, ás mãos do setor privado. Não podemos permitir isso”.

Na opinião de Paulo Vinicius (PV), dirigente da CTB a luta contra a privatização da Eletrobras não é apenas da esquerda mas de toda a sociedade. “Se o governo privatizar a Eletrobras, a conta de luz do trabalhador(a) vai aumentar. Se o desmonte do Estado ocorrer, a população brasileira será penalizada com a falta de serviços básicos assistenciais”, afirmou durante ato em Brasília realizado no dia 6 com CNE e movimentos sindicais e sociais.

Ameaça no Congresso

A pressão do governo sobre o Congresso Nacional se mantém mesmo após a Medida Provisória 814 ter caducado. A MP alterava o sistema elétrico brasileiro e incentivava a privatização da Eletrobras. Os eletricitários não baixaram a guarda e denunciam outras iniciativas legislativas do governo Temer para promover a privatização da Eletrobras, entre elas, o Projeto de Lei 9463, que desestatiza a empresa, e o PL 1917, este último prevê a venda dos ativos da Eletrobras.

Na terça-feira (5) os eletricitários obtiveram vitória na Justiça do trabalho do Rio de Janeiro que suspendeu a privatização das seis distribuidoras da Eletrobras. A ação foi movida pelos sindicatos do urbanitários do Amazonas, Acre, Piauí, Rondônia e Alagoas. A Eletrobras recorreu. Além da greve de 72 horas, os eletricitários estão finalizando uma proposta alternativa à privatização da empresa a ser entregue no Congresso Nacional nos próximos dias.

Fonte: http://www.vermelho.org.br