A manutenção preventiva e o uso de tecnologia mais moderna impediria a morte de 16 pessoas em Bandeira do Sul, na Região Sul de Minas Gerais. È o que afirma Jairo Nogueira Filho, coordenador do Sindieletro-MG. “Com o cabo isolado ou protegido, quando a rede elétrica fosse tocada, como no caso por serpentinas metálicas, o sistema receberia um aviso e a energia seria interrompida, evitando que as pessoas tivessem contato com uma descarga elétrica de mais de 7 mil volts. Com as novas tecnologias, o cabo não se romperia com tanta facilidade, por causa de um curto-circuito, e a energia seria desligada”, afirma Jairo.

Durante o desfile de um trio elétrico do “Carnaband 2011”, na tarde de domingo, fios da rede de alta tensão se romperam e atingiram dezenas de foliões. Tudo indica que uma serpentina metálica tenha rompido os fios, mas as causas do acidente ainda serão investigadas. Fios da rede de alta tensão se romperam, ricochetearam no chão e atingiram os foliões em festa que estavam próximos ao trio elétrico que circulava pela praça Nossa Senhora Aparecida. A Polícia Militar esteve no local e recolheu o veículo, assim como a perícia que realizou os trabalhos. No balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros por volta das 22h de domingo, 16 pessoas morreram e 50 ficaram feridas.

Segundo o coordenador do Sindieletro-MG, a rede elétrica na capital e no interior de Minas Gerais é obsoleta, da década de 80. e precisa de manutenção preventiva, o que nem sempre acontece. “Já avisamos inúmeras vezes à direção da Cemig sobre o risco de acidentes, mas não obtemos respostas. A eletricidade não tem cheiro nem cor, por isso as pessoas acreditam, quando um cabo é rompido, não há mais risco. Quem sabe depois desta tragédia e da repercussão da imprensa, a diretoria da empresa não se sensibiliza”, diz Jairo Nogueira.

Acidentes, segundo o coordenador do Sindieletro-MG, são constantes ela falta de investimentos da Cemig. “Durante uma chuva, uma taquara de papagaio pode transmitir eletricidade e provocar um curto-circuito numa rede sem proteção. Os cabos usados são todos nus e, por isso, não suportam o toque. A população para a conta de luz mais cara do país e ainda fica exposta ao risco, por causa da falta de investimentos”, explica Jairo Nogueira.

Para o coordenador do Sindieletro-MG, no Centro de Belo Horizonte e outras grandes cidades do Estado não há possibilidade de acontecer um acidente como o de Bandeira do Sul, porque a rede elétrica é subterrânea. Porém, na capital, os riscos são outros. “A rede subterrânea do Centro de Belo Horizonte é da década de 70 e já não suporta a sobrecarga proporcionada pelo crescimento da região e do aumento do consumo de energia com os novos equipamentos. Quem caminha pelo Centro está em cima de uma bomba-relógio, que pode explodir a qualquer momento, por causa dessa sobrecarga. Há o risco de blecaute e de curto-circuito, pois os cabos não são trocados. O Sindieletro também já avisou à Cemig da possibilidade de acontecer um acidente como o do Rio de Janeiro”, diz Jairo Nogueira Filho. No dia 22 de fevereiro, a queima de fusíveis de alta tensão e um curto-circuito provocaram uma explosão.

(Rogério Hilário, CUT-MG)