Cerca de 10% dapopulação brasileira economicamente ativa com mais de 18 anos e quevive nas áreas urbanas está desempregada, revela o Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Considerando toda aamostra, que também embarca pessoas inativas (que apenas realizaramatividade não remunerada no próprio domicílio ou não trabalharamnem procuraram emprego na semana em que foram pesquisadas), oporcentual de desempregados é de 7%.

A metodologia do Ipeaconsiderou desempregadas aquelas pessoas que não exerciam atividaderemunerada e não procuraram trabalho na semana de referência dapesquisa.

Realizado ao longo dosegundo semestre do ano passado, responderam ao levantamento do Ipea2,773 mil pessoas de todos os estados e do Distrito Federal. Os dadosforam divulgados nesta quarta-feira 16 pelo técnico de Planejamentoe Pesquisa do instituto, Bruno Amorim. O trabalho do Ipea faz partedo Sistema de Indicadores de Percepção Social – trabalho e renda.

 

Do total de pessoas inativas (29%), 31,3% nunca procuraram emprego. Destes, 88% são mulheres.

Apesar de o dado evidenciar que as mulheres ainda participam menos do mercado de trabalho, o fato de que a proporção de mulheres que nunca procurou emprego aumentar com a idade é sinal de que as novas gerações buscam cada vez mais espaço no mercado.

Entre os homens, acontece o inverso: a maioria das pessoas que nunca procurou emprego está entre a população mais jovem, o que indicaria, segundo o documento, que nessa faixa-etária as pessoas estão se dedicando mais aos estudos.

Procura
Entre os desempregados, 45% procuram trabalho há mais de seis meses e 25% estão há mais de um ano procurando uma ocupação. Bruno Amorim destacou que esse cenário é preocupante porque representa risco de perda de habilidades e vínculos profissionais.

Informalidade
Enquanto a maioria dos trabalhadores informais não recebe direitos trabalhistas como um terço de salário nas férias e o décimo terceiro, 97% dos registrados têm seus direitos trabalhistas em dia.

Entretanto, 18% dos trabalhadores formais afirmam que estão registrados com um valor de salário diverso do que recebem de fato, número considerado alto pelo instituto.

Contribuição
Quase a totalidade dos trabalhadores com carteira assinada contribui para a previdência (95%). Já entre os informais, o porcentual daqueles que não contribuem é alto, 68%.

Deste, cerca da metade diz não contribuir por falta de renda.

(Blog O outro lado da notícia, 17.02.11)

Quarenta por cento dos desempregados aceitam receber salário mínimo

Receber um salário mínimo continua sendo o sonho de uma grande parcela dos brasileiros desempregados. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), mais de 40% dos desempregados entrevistados em janeiro deste ano disseram que aceitariam um emprego no qual recebessem um valor igual ou inferior ao mínimo pago à época (R$ 540).

O estudo foi feito para verificar a percepção da população sobre as dificuldades de acesso ao mercado de trabalho.

Na avaliação do técnico em Planejamento e Pesquisa do Ipea Brunu Marcus Amorim, o dado atesta que a média salarial brasileira ainda é baixa, mesmo quando comparada à de economias do mesmo porte.

“Quando o salário mínimo vira uma ambição, vê-se que ainda há muitas famílias que mal conseguem ganhar o piso ou ter carteira assinada e como os salários são baixos”, afirmou Amorim antes de acrescentar que a pesquisa não entra no mérito dos custos do salário mínimo para a economia brasileira.

A explicação para a baixa expectativa salarial pode estar associada, entre outras coisas, ao tempo que a pessoa está desempregada e a sua falta de qualificação profissional.

Cerca de 45% dos desempregados declararam estar procurando trabalho há mais de seis meses, período durante o qual não só começam a ver suas habilidades se tornarem obsoletas, como vão perdendo importantes contatos profissionais.

Outro problema é que o mais importante instrumento de proteção social de quem é demitido, o seguro-desemprego, é pago por no máximo cinco meses, sendo que a média é de quatro parcelas.

A pesquisa também mostra que o desemprego atinge sobretudo os jovens entre 18 e 29 anos. Embora eles sejam apenas cerca de 30% dos 2.773 entrevistados, representam 54% dos que disseram que não tinham realizado qualquer atividade remunerada na semana da entrevista, mas haviam procurado emprego.

Quase a totalidade dos entrevistados desempregados respondeu já ter alguma experiência profissional remunerada anterior.

Por outro lado, 31% dos 801 entrevistados do grupo de inativos, ou seja, aqueles que não realizaram qualquer atividade remunerada e não procuraram trabalho na semana da entrevista, disseram nunca ter procurado emprego.

Entre as mulheres, que representam 88% do total de inativos entrevistados, o percentual de quem nunca procurou trabalho aumenta de acordo com a faixa etária, o que comprova a tese que a atual geração de mulheres participa mais ativamente do mercado de trabalho.

Já entre os homens, ocorre o inverso: a maioria é de jovens, o que pode ser interpretado como maior dedicação por parte deles aos estudos.

De acordo com Amorim, os resultados sugerem que a reinserção dos desempregados passa pela geração de empregos, sobretudo os assalariados, com carteira de trabalho assinada, e pela qualificação e orientação profissional.

(Agência Brasil)