Mesmo que a proposta de reforma da Previdência não seja aprovada, situação que ainda está totalmente indefinida, o assunto já vem trazendo bons resultados aos banqueiros, principais interessados na aprovação da matéria.

A pressão e a pressa do governo de Michel Temer em aprovar a PEC 287/16, que reformula as regras da Previdência pública para que se trabalhe por mais tempo sujeito a receber menos, têm causado grande preocupação nos brasileiros. Inclusive, mais de 85% são contrários a aprovação da proposta, segundo pesquisa Vox Populi realizada há quase um mês.

Por outro lado, essa apreensão de grande parcela da sociedade vem surtindo um efeito compensador para os bancos, uma vez que as Previdências privadas abertas estão crescendo, de longe, muito acima da inflação.

Nos últimos dois anos o mercado de Previdência privada aberta não sabe o que é crise. Ao contrário disso, cresceu 16,3% em outubro, se comparado a igual período de 2016. Só naquele mês, houve um crescimento de novos recursos na ordem de R$ 10,3 bilhões.

Já o acumulado da inflação pelo IPCA, calculado de outubro de 2016 ao mesmo mês de 2017, foi de 2,21%. Comparando com o crescimento de 16,3% em novas adesões nas previdências privadas abertas, o lucro dos banqueiros foi superior sete vezes ao índice inflacionário.

“Por essa razão, Temer e a sua base aliada no Congresso estão muito interessados em fazer a festa dos banqueiros. Se apenas com a ameaça de aprovação da reforma os bancos estão lucrando dessa forma, se houver retrocesso o crescimento desse mercado certamente vai disparar”, alerta o dirigente sindical do STIU-DF, Victor Frota.

“Não podemos pensar que o governo não tem os votos necessários para aprovar a reforma. Seria um grande erro de avaliação pensarmos assim. Temos que trabalhar com a perspectiva de que eles têm os 308 votos para continuarmos resistindo com o propósito de derrotá-los”, aponta Frota.

O STIU-DF apoia a campanha “se aprovar, não vai voltar”, uma referência aos parlamentares que vierem a votar pela aprovação da PEC 287 e que não serão reeleitos nas próximas eleições.