A base aliada de Michel Temer pretende iniciar o debate sobre a proposta de reforma da Previdência na próxima quinta-feira (14). Segundo o vice-líder do governo, Beto Mansur (PRB-SP), a PEC 287 tem hoje o apoio de 270 deputados, quando são precisos 308.

Ainda um tanto longe do quórum necessário no Congresso, na sociedade a matéria é praticamente unânime, rejeição total. Isso porque a proposta possibilita que se trabalhe por mais tempo, sujeito a ganhar menos. As mulheres serão as mais prejudicadas se a proposta for aprovada.

Por outro lado, o discurso de combate a “privilégios” do governo vai de encontro com a realidade. Temer, por exemplo, se aposentou com 58 anos e ganha aposentadoria líquida de R$ 24,8 mil. O valor representa cinco vezes o teto do INSS.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, se aposentou com 57 anos e recebe pensão de R$ 19,6 mil pelos 4 anos que foi governador do Rio de Janeiro.

Nenhum dos dois está abrindo mão do que eles mesmos dizem ser privilégios em nome do Brasil.

No entanto, homens e mulheres terão que contribuir por 40 anos se a proposta for aprovada. Hoje, eles precisam ter 35 anos de contribuição e elas 30.

Expectativa

A estimativa é que pelo menos 100 deputados estão indecisos. Temer quer o nome de cada um deles para iniciar corpo a corpo em troca de cargos e emendas para “convencer” os parlamentares.

Quase todos os indecisos estão preocupados com a opinião pública, uma vez que desejam ser reeleitos no ano que vem para preservar a imunidade parlamentar.

A base governista de Temer está dividida em dois grupos. Um lado defende que a matéria só seja colocada em pauta quando o quórum de 308 deputados estiver certo. O outro, deseja partir para o tudo ou nada.