Michel Temer e sua equipe econômica correm contra o tempo para tentar aprovar a reforma da Previdência, retirando mais direitos da classe trabalhadora. Após o presidente sinalizar na terça-feira passada (07) que a matéria não seria aprovada, o mercado financeiro veio abaixo com a queda da bolsa e do dólar também.

Para tranquilizar os empresários e banqueiros, Temer divulgou um vídeo nas redes sociais dizendo que usará “toda a sua energia” para aprovar as mudanças possíveis na reforma da Previdência. A última vez que isso aconteceu o governo gastou mais de R$ 30 bilhões para arquivar as duas denúncias de corrupção contra Temer e seus principais ministros, atendendo demandas parlamentares com emendas, cargos e perdão de dívidas a ruralistas e banqueiros.

O governo e o relator da matéria na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA), admitem em trabalhar pela aprovação de um texto mais enxuto, como por exemplo, a unificação de idade única para se aposentar, prejudicando neste caso as mulheres. Hoje, elas se aposentam aos 60 anos, cinco anos antes dos homens, como uma forme de reconhecimento das duas jornadas de trabalho – profissional e familiar. Mas se aprovado, elas terão que trabalhar por mais tempo.

Economistas de bancos privados dizem que o aumento da idade mínima para as mulheres, com uma regra de transição, permitiria uma economia de quase R$ 10 bilhões por ano. Mas o consultor de Orçamento da Câmara, Leonardo Rolim, discorda que haverá essa economia com a alteração do fator idade mínima para as mulheres.

Tramitação

Mesmo que a Câmara dos Deputados aprove as alterações ainda este ano, a conclusão da matéria no Senado ficaria para 2018, ano eleitoral.

Nesse cenário, a equipe econômica de Temer teria que lutar para que os senadores validassem o texto aprovado na Câmara. Isso com enormes dificuldades políticas a serem vencidas, pois dois terços dos parlamentares (54 senadores) terão que lutar pela reeleição. Alguns deles tentando preservar o mandato por causa da operação Lava Jato.

Ainda sim, o dirigente sindical do STIU-DF, David Oliveira, entende que a sociedade não pode se acomodar. “É verdade que os parlamentares estão preocupados em votar essa matéria impopular que retira direitos dos trabalhadores, especialmente das mulheres, por causa do calendário eleitoral. Mas subestimar esse governo seria um grande equívoco. Por isso, a população não pode abaixar a guarda e precisa se mobilizar contra mais esse ataque”, aponta David.