Os sindicalistas apostam no corpo a corpo no Congresso como reação à estratégia do governo de buscar apoio do Legislativo para o projeto que fixa o salário mínimo em R$ 545. Mobilizações de rua e paralisações também fazem parte da tática.

Nesta terça-feira, após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificar as centrais sindicais de oportunistas, a presidente Dilma Rousseff mobilizou os líderes dos partidos aliados em torno do mínimo corrigido apenas pela inflação.

As centrais não abrem mão de um aumento real e exigem R$ 580, valor que foge ao acordo assinado no governo Lula.

“Vamos intensificar a operação, conversando com lideranças dos partidos, num corpo a corpo com deputados”, disse à Reuters Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).

Os sindicalistas acreditam que, apesar de o governo exibir maioria, o Congresso é espaço favorável às demandas trabalhistas.

“Aqui é um território nosso. Aqui a gente conhece”, disse o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP). Ele ameaçou com futuras votações. “A gente pode perder essa, mas lá na frente a gente pega eles na curva”.

Os dirigentes ainda não sabem se terão uma nova reunião com ministros para discutir o assunto, após o impasse em dois encontros.

“Se o governo está achando que vai passar fácil, está enganado”, avaliou Wagner Gomes.

Ele exemplifica com a preocupação do líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), que sugeriu nesta terça-feira uma previsão do que fazer em anos como este, quando não há crescimento do Produto Interno Bruto.

O desempenho do PIB é usado como critério para a valorização do mínimo. Como houve retração econômica em 2009, o mínimo recebe apenas a inflação.

Nesta quarta-feira, estão agendadas paralisações-relâmpago em fábricas. Os metalúrgicos de São Paulo prometem suspender o trabalho por até duas horas em 19 indústrias da capital, reivindicando salário mínimo de 580 reais, correção da tabela do Imposto de Renda e aumento real para aposentados que ganham acima do mínimo.

“Com essas mobilizações vamos chamar a atenção do Congresso. A responsabilidade vai ser deles se não houver negociação”, disse Miguel Torres, presidente do sindicato.

Mobilizações de rua maiores já estão sendo acertadas. “Brevemente teremos uma agenda de paralisações”, disse Ricardo Path, da União Geral dos Trabalhadores (UGT).

(Agência Reuters)