Objetivamente, o PSol, desde sua fundação, em 2004, não joga com as regras eleitorais. Desse modo, paga uma alto preço ao não se coligar para as eleições proporcionais.
O cálculo do quociente eleitoral fez de Luciana Genro a deputada não eleita mais votada do Brasil e de Jean, o deputado eleito com menos votos. O professor universitário e vencedor do “BBB 5” chega à Câmara graças à votação de seu colega de partido no Rio, o deputado Chico Alencar, que se reelegeu com 240 mil votos.
Para o líder do PSol na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), o sistema atual cria distorções “monstruosas” quando se trata de coligações partidárias, porque nem sempre o candidato “puxado” segue a mesma ideologia do mais votado.
“Agora, quando os partidos são mais homogêneos, ideológicos, programáticos, é menos grave essa situação”, disse.
O presidente da Associação Brasileira de Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais, Marlon Reis, ressalta que o objetivo do sistema proporcional é permitir a participação de grupos minoritários na política, ainda que não obtenham maioria de votos.
O problema desse modelo, segundo Reis, é que o eleitor tem a falsa impressão de votar em pessoas. Na realidade, diz ele, o voto é primeiro para as coligações e, apenas secundariamente, para candidatos.
Reis acredita que o fim do voto proporcional, com a eleição direta dos mais bem votados, traria mais distorções. “Voto direto acaba com as oposições. O governo vai eleger todos os representantes”, afirma.
Lista fechada
O deputado Ivan Valente afirma que o sistema atual tem de ser aperfeiçoado e que o voto em lista fechada, preparada pelos partidos, resolveria distorções.
Nesse sistema, o eleitor vota no partido, que apresenta uma lista com os nomes dos candidatos. “Isso eliminaria o problema da proporcionalidade”, diz.
Marlon Reis concorda que o modelo da lista fechada seria mais transparente, já que o eleitor saberia previamente quais candidatos seriam beneficiados pelo seu voto.
“Não há possibilidade de estelionato eleitoral, como aconteceu no caso do Tiririca”, diz, citando o deputado eleito mais votado destas eleições, que “puxou” outros três candidatos de sua coligação.
(Fonte: Agência DIAP com Agência Câmara)