REUTERS/Pilar Olivares

Diretoria da Eletrobras anunciou a mudança de nome da maior empresa de energia elétrica da América Latina. De Eletrobras para Axia Energia, a atual gestão da Eletrobras privada quer apagar a história e as raízes dos(as) brasileiros(as) que construíram desde a década de 60, a nossa grande Eletrobras.

Desde a origem do novo nome, que vem do grego, até a falta de originalidade da marca – que já é utilizada em diversos outros segmentos como agronegócio, mineração e até energia (Amsterdã, Colômbia, EUA), a gestão da Eletrobras privada se equivoca em achar que a mudança de nome por si só, apagará a origem e a essência de uma empresa que sempre teve como missão servir ao povo brasileiro.

O nome Eletrobras é a sinergia de duas palavras:“Eletro”, de eletricidade e “Bras”, de Brasil. Eletrobras significa literalmente “Eletricidade do Brasil”, a energia como bem comum, a engenharia nacional como instrumento de soberania, e a eletricidade como direito de todos. Em tempos de COP 30 em que se evoca a soberania, o respeito aos povos originários e territórios e ao meio ambiente, o movimento de mudança de nome por algo que remete à submissão do Brasil aos interesses do capital financeiro externo foi um movimento de péssimo gosto e de provocação ao Governo brasileiro que, recentemente, fechou acordo com essa gestão para indicar algumas cadeiras no Conselho de Administração. Esse movimento remete ao valor de troca, ao lucro, à rentabilidade acionária.

A justificativa para a mudança do nome demonstra a incoerência que ocorre no âmbito da empresa. Orientação por disciplina financeira e excelência operacional pode ser traduzido por: “à gestão tudo, a quem trabalha nada”. Desde a privatização o salário dos gestores de alta cúpula aumentou mais de 2.000%, enquanto pratica redução salarial na categoria. A aquisição, pela alta direção da UHE Colíder, mesmo com pareceres técnicos contrários à aquisição, agora figura nos noticiários pelo risco estrutural e ambiental. O aumento substancial de acidentes de trabalho, desde a privatização, é resultado da gestão de desmonte atualmente aplicada.

Ao dizer que a nova marca remete aquilo que conecta e sustenta percebemos o quão desconecta é a marca. Conexão pressupõe comunicação, isso em uma empresa que desmontou essa área, que não comunica internamente com seu quadro de pessoal, cortando os acessos a documentos internos, diminuindo as informações: sequer se sabe qual a perspectiva de crescimento dentro da empresa. Sustentação pressupõe confiança e parceria, a gestão adotada é a da pressão e a do medo. A única conexão que se busca é com os acionistas que pagaram barato e cobram caro o investimento realizado.

Enquanto afirma que quer ser mais inovadora e ágil, internamente reina a falta de transparência nas tomadas de decisão e processos, desde a aplicação da tão famigerada meritocracia até a posição na tabela salarial da Empresa. A demora em respostas de coisas que antes eram simples como emissão de PPP’s, solicitações de reembolsos, marcações de férias, ainda são questões frequentemente levantadas como processos que funcionavam e não funcionam mais.

Axia não é futuro, é o retrato do atraso ao imaginar que uma história tão significativa e potente pode se apagar assim. É a ideologia de que o mérito pertence a quem compra, não a quem constrói; de que o mérito é do investidor, não do povo brasileiro. Podem mudar o nome, mas não podem apagar nossa memória. A Eletrobras é do povo brasileiro.